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ENTREVISTA COM 
JANAÍNA VIEIRA

Por Sara Miranda

A quarta convidada para a participação das entrevista do PreteSe, foi a artista Janaína Vieira. Graduanda em Design Gráfico, é colagista, fotógrafa e pesquisadora Urbana. Introduziu a colagem em suas experimentações em 2016, sendo totalmente autodidata. Acredita provocar reflexões sobre o cotidiano periférico, pertencimento e visibilidade social, trabalhando desenvolvimento de percepções e expressões artísticas, através de diversas técnicas de colagem.

Sara Miranda: Como você se descobriu artista visual e como foi seu processo de formação considerando a educação informal, formal e não formal?

Janaína Vieira : Infelizmente não é só perceber nossas habilidades, foi um processo demorado, visando que já é dificil nos enxergarmos na sociedade. E quando eu pensava em "artista" sempre era aquela imagem do branco elitista. Trazer isso pra minha realidade foi bastante potente e também pude perceber o corre de outras pessoas. Eu comecei na fotografia documental, fazia fotos apartir do meu proprio celular, bem simples na época. Recebi apoio da galera da quebrada e logo me falaram "Você precisa se reconhecer" tomei aquilo pra mim e segui.

a artista Janaína Vieira ao lado de sua obra
Janaína Vieira.   Foto: divulgação
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Sara Miranda: Em suas obras, você propõe um exame das questões sociais, principalmente sobre o corpo negro e suas relações com a sociedade contemporânea. Poderia falar um pouco do seu trabalho e suas pesquisas?

Janaína Vieira: Muitas questões sociais sempre fizeram parte da minha vida, principalmente por ser de mais uma família nordestina, morando nas quebradas do interior de São Paulo, em busca de realizações. Quando a gente se percebe negra/não-branca na sociedade, é doloroso. Pois aí nos vemos na base da pirâmide e na arte encontrei forças pra ser quem sou, principalmente falar com aqueles que vem de onde venho. Em minhas pesquisas falo muito sobre pertencimento, cotidiano periférico e visibilidade social. O diálogo precisa ser direto com nossa galera, levantar questionamentos, entender que também é um problema nosso, infelizmente o racismo estrutural está enraizado na cultura brasileira. 

Sara Miranda: Qual a sua percepção em relação a divulgação do seu trabalho nos órgãos culturais do Estado? 

Janaína Vieira: Sinto que precisamos levar representatividade, mostrar que é possível ocupar espaços que muitas vezes pensamos que não nos pertence, isso vai muito além do reconhecimento como artista.

Sara Miranda: Como você tem acompanhado a produção contemporânea de autoria negra no Estado de Sergipe?

Janaína Vieira : Faz um tempo que estou fazendo essa pesquisa, buscando pelo twitter e instagram, recentemente pedi indicações e assim passei a acompanhar alguns trabalhos. Ocupar Sergipe com a minha arte também é uma necessidade, quero muito poder fazer algo seja oficinas culturais ou até mesmo exposição. Espero que aconteça logo, estou animada

Sara Miranda: Quais são suas referências criativas (artísticas ou não)?

Janaína Vieira: Hoje com grande poder da internet, conseguimos perceber e buscar vários artistas negros em vários niveis de desenvolvimento e pra mim essa galera representa demais a cena. Começo por Maxwell Alexandre, artista negro contemporâneo. Ele conseguiu atravessar a bolha artística da elite, saindo da favela ainda mandando o papo que "Pardo é Papel", também leva o nome da sua principal exposição. Acredito que ele seja um dos artistas negros brasileiros que tá indo mais longe, nos dá esperanças de que é possivel. Não posso deixar de citar a presença feminina, essas mulheres são incríveis, de diferente segmentos artísticos. Heloisa Hariadne, Jess Vieira, Larissa de Souza e Suyane Ynaya.

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