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ENTREVISTA COM 
LARISSA VIEIRA

Por Sara Miranda

Dando continuidade a  série de entrevistas do site PreteSe, com os artistas negros sergipanos, dessa vez com Larissa Vieira. A artista, é natural da cidade de Aracaju-SE, graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Sergipe, leciona no ensino infantil e também atua como ilustradora. Suas obras carregam elementos simbólicos de matriz africana, incorporando nas suas estruturas aa geometrização de máscaras africanas. Na entrevista é possível compreender seus processos e construções no universo artístico. 

Sara Miranda: Como você se descobriu artista visual e como foi seu processo de formação considerando a educação informal, formal e não formal?

Larissa Vieira:  Desde a infância eu sempre tive uma inclinação para as artes visuais em especial a prática de desenho e pintura. Não me lembro em que momento exato me reconheci enquanto artista, mas sei que durante o tempo que estive na universidade isso apareceu como um dilema devido as narrativas hegemônicas de como deve ser ou não um artista. Meu primeiro contato com a formação artística foi através de livros e revistas, depois fiz cursos de férias de desenho na escola de arte municipal Valdeci Teles até chegar a graduação em licenciatura em Artes Visuais na Universidade Federal de Sergipe. Atualmente faço cursos livres através de plataformas digitais e oficinas presencias.

Larrisa vieira, com sua obra ao fundo
Larissa Vieira. Ao fundo, mural feito por ela em homenagem ao bloco afro Descidão dos Quilombolas. Foto: divulgação
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Sara Miranda: Em suas obras, você propõe um exame das questões sociais, principalmente sobre o corpo negro e suas relações com a sociedade contemporânea. Poderia falar um pouco do seu trabalho e suas pesquisas?

Larissa Vieira:  O meu estilo de ilustração surge a partir do momento em que eu precisei romper com os estigmas relacionado ao corpo negro e todas as formas estereotipas de representação que tive acesso dentro desse universo. Meu trabalho aborda questões relacionas a representatividade e ancestralidade, a partir de minha busca e pesquisas pela história e cultura Africana e afro brasileira. Dentro do estudo de ilustração busco sempre pesquisar sobre a modelagem de mascaras e esculturas africanas, para atribuir a concept arte de meus personagens o processo de geometrização das máscaras, assim como os artistas africanos se utilizam de configurações anatômicas para criar suas obras.

 

Sempre quis desenvolver um estudo de anatomia, que valorizasse os traços negroides, sem recorrer a configurações formais caricatas. A partir do estudo formal de alguns artefatos africanos, principalmente esculturas utilizadas em rituais , pude desenvolver um processo de estilização de meus personas atribuindo-lhes uma configuração negro africana que os torna símbolos e vetores da multiplicidade das características físicas e culturais das populações negras africanas e afrodiaspóricas. No âmbito da historiografia, busco conhecer sociedades africanas que tem como eixo governos matriarcais, estudo a teoria pan-africanista , o Mulherisma africana, o Quilombismo e os remanescentes da cultura africana e suas reconfigurações em solo brasileiro, presente no candomblé e grupos culturais dos municípios de Sergipe.

Sara Miranda: Qual a sua percepção em relação a divulgação do seu trabalho nos órgãos culturais do Estado? 

Larissa Vieira: Há um processo de defasagem por parte das instituições públicas, onde ocorre um esquema de favoritismo no qual artistas que dialogam com narrativas conservadoras propostas por essas instituições, são mais preteridos a expor nos espaço e meios de comunicação. A divulgação de artistas negros se resume a uma pauta racial durante o mês de novembro, momento em que é comemorada a consciência negra. A crítica de arte é mal vista, e pra quem tenta se posicionar contrário a esse contexto, passa a ser excluído ou invisibilizado. O cenário privado passa pelo mesmo processo, com um grau a mais, por não se tratar de uma máquina pública. Resumindo, não há divulgação para artistas independente e principalmente artistas negros grupo que faço parte e me reconheço.

Sara Miranda: Como você tem acompanhado a produção contemporânea de autoria negra no Estado de Sergipe?

Larissa Vieira: Através da movimentação dos próprios artistas , seja em casas culturais ou na rua através de intervenções urbanas e etc.

Sara Miranda: Quais são suas referências criativas (artísticas ou não)?

Larissa Vieira: Arte africana, em especial esculturas e máscaras, arte afro brasileira de modo geral.

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